quarta-feira, 30 de março de 2011

Cantando História(s)

Este post é dedicado ao meu amor; ... aos ouvintes do Pampa e flor, na http://www.radiosul.net/ ...
E aos compositores... que repartem conosco suas mais preciosas emoções e sua sensibilidade!

Especialmente pra vocês, foi que tive a idéia, ontem a noite, de reunir aqui no blog um pouco mais sobre este momento único que tive o privilégio de presenciar,  com o intuito de tornar acessível a todos vocês esta obra preciosa do Lisandro e do Guilherme, e sua história!



Todas estas fotos, são do acervo de "sensibilidade" do querido fotógrafo "Alexandre Teixeira"
que estava lá em Santo Ângelo com os guris, registrando tudo!



Bueno...
Ontem a noite, conversei rapidamente com o Lisandro, e enquanto falávamos ele me passou um texto fantástico e emocionante que registra a história desta canção... e também as fotos acima, e me autorizou a repartir com vocês! Segue o texto, emocionem-se!!!


C u r a n d e i r o s

Eles estiveram lá...

Onde há ruínas, cheguei tarde ou retornei? Agora, com outro tipo de missão cheguei há tempo nas ruínas missioneiras: Redução de São Miguel.
24 de outubro do ano de 2010. Senti-me jovem, e ao mesmo tempo mais antigo que a saudade dolorida que habitava a Catedral. Não consegui guardar, só para mim, as lágrimas e palavras que afogavam o interior. Chamei pelo telefone o meu guia geral, que apelidaram nesta vida de: Eron Vaz Mattos e simplesmente agradeci a ele o que era pra mim a mais próxima intenção de saudade.
Eu estive lá...
Onde há ruínas, afagou-me o vento manso como o filho que retorna e tem saudade do carinho materno da terra – Mãe de todos – Mãe para todos...
Entendi exatamente sua cor vermelha. O simbolismo das paredes e, aprendi que até na pedra fundem-se as raízes da figueira, numa tentativa desesperada de tornar-se imortal, petrificando-se, sem ser Ruína e já sendo.
Muitos umbus imponentes, porém, de uma humildade nítida, quando o mesmo vento que abanava meu cabelo, e o pano largo da bombacha, embalava suas crinas de guardiões – tempo e memória.
Recorri todos os cantos possíveis, e quando entrei na sala reformada para projeções de vídeos aos visitantes - a encontrei - a espera do meu canto. E como estive afinado, totalmente entregue ao canto verdadeiro da saudade do meu povo, que ficara entrelaçado na alma da redução.
"amanheci o canto livre / de um sabiá no parador/ e o serenal derramado / adoça o canto adornado / do lacrimal sonhador" quem ouve o canto da terra/ desconhece a dor da encerra / não sabe as cores da guerra / e adora um único Santo...
Reconheci, ali o verdadeiro sentido de uma canção que nasceu e ainda não tem nome: talvez a chame de: Catedral do Canto Livre.
A minha fascinação pelos cavalos me encaminhou, por último, ao potreiro onde pastaram e descansaram, aguardando a missão diária: o altar de pêlo e crina, servidor também da terra, que até hoje provavelmente, habitam o sangue dos meus cavalos.
Senti seu cheiro, os vi estendidos no pasto, e os pelos que ficam, após a famosa "rebolcada" para relaxar depois de cumprirem a lida diária. Estavam bem... e me entregaram antes de partirem estas palavras:

Catedral

Também de pedra meu cantar não se termina...
caído ao solo - beijo a terra e escrevo a sina.
Terra vermelha é minha cor no arrebol
pois tenho sol no sangue em paz que me ilumina.

Também de bronze, estou de joelhos Catedral.
No pedestal que cala os sinos, faço prece...
quem não merece – a terra em si – terá perdão,
pois gratidão a vida tem mas nunca esquece!

Dormem aqui: ruínas índias e horizontes...
bebendo a fonte do silêncio natural...
senti teu cheiro - mãe divina - em berço livre...
hoje o que eu tive foi tua benção Catedral.

Seguem aqui - hoje emplumados - Guaranis
no bem-te-vi, no João Barreiro e entre os guardiões
querendo sempre querer mais que o quero-quero
sei o que espero, e busco aqui, muitos perdões...

Também de vento estou soprando - em ti – templário.
No pedestal que fala o tempo, a crosta esquece...
ouvindo os prantos que derramam tua imagem
achei coragem e sou guardião com pena em prece.

Hoje o que eu tive foi tua benção CATEDRAL!!!

Lisandro Amaral
    26 de outubro de 2010.


(Lisandro Amaral)
Publico do Canto Missioneiro

Acreditem, após o festival,
no Domingo, os guris reunidos em frente a CATEDRAL, cantaram mais uma vez!!!



Do momento CANTANDO HISTÓRIAS do programa, posto aqui pra quem não pode ouvir,
a história desta canção e deste momento, contada pelo Joca!








Conheça a canção CATEDRAL, de Lisandro Amaral e Guilherme Collares,
cantada por Joca Martins... gravação ao vivo do Canto Missioneiro, que aconteceu
no último final de semana.




                          Essas jóias raras, tem que ser repartidas, disseminadas, espalhadas... divididas
para que se multipliquem em forma de emoção em nossos corações!

Espero que tenham gostado!

Gracias Lisandro e Guilherme!
Gracias amore, mais uma vez...

Beijos à querida terra de Santo Ângelo!

Um comentário:

  1. Oi Juliana!! Passando para parabenizar, pelo Blog, e pelo Programa.. já tinha anotado o blog pq passei por ele por acaso ha um tmpo atras.. e hj amigo me mostrou a rádio.. adorei o teu programa.. já to seguindo aqui, e no twitter tbm.. beeijos.. Sucesso o/

    ResponderExcluir