segunda-feira, 23 de julho de 2007

... Letras ...

A HORA FRÁGIL DO AMOR
(Vaine Darde/Marcello Caminha)

O castiçal se fez inútil sobre a mesa,
Perdeu o lume em noites que não voltam mais;
O mesmo vinho, não tem mais igual buquê,
E a solidão, nublou os sonhos e os cristais.

Hoje, a vitrola é só um traste abandonado,
Rondando o tempo numa valsa silenciosa,
Há um “Neruda” amarelado sobre a estante,
E um vaso vago, sofre a ausência de uma rosa.

Falta uma taça numa mesa solitária...
Ao som de valsa, a luz de vela e o vaso em flor.
E, a meia-noite, quando os ponteiros se encontram,
A insônia sofre a hora frágil do amor.

Sobre o tapete,há murmúrios em segredo,
Paixões, impressas em volúpias e loucuras...
O abajur, ainda vislumbra na penumbra,
Trêmulas sobras, exiladas na ternura.

Quebrou-se a taça. Desfolhou-se a samambaia.
Partiu-se o encanto do encontro face a face.
A casa amiga, de repente fez-se alheia.
E de repente, uma vez mais, o desenlace!

...


NOS VAGÕES DAQUELE TREM
(Salvador Lamberty/Hélio Augusto)

Faz parte do panorama
O trem que chega e que sai
Alguém que leva um recado
Lá pra as bandas do Uruguai

Forasteiros, visitantes
Ouvindo lá muito além
Na estação semi-tapera
O apito triste do trem

Quando vem choramingando
Lá pra as bandas de onde vim
Carrega a alma do povo
Num tilin tilin tilin

Mas esta é a última viagem
É o informe que nos vem
Lá se vai minha esperança
Nos vagões daquele trem

Um trem cortando as campinas
O sol beijando o horizonte
O encontro dos tranzeuntes
Num passeio pelos montes

Avisa lá nossa gente
Que está na hora do trem
O povo fica esperando
Mas a carroagem não vem.


...

DANÇANDO UM BUGIO
(Luiz Carlos Ranoff)

Foi dançando um bugio que um dia te conheci
Chegaste bem de mancinho e eu me acheguei junto a ti
Roncava a gaita num canto e a noite até se encolheu
Ficando toda enciumada pois nem a lua ofuscava
O brilho dos olhos teus

Mas o sol veio calando os acordes do gaiteiro
Acordando-me de um sonho ter achado amor primeiro
Foi-se se embora a trotezito para onde ninguém viu
Mas de longe eu escutava a canção que ele assobiava
Tinha o embalo de um bugio

POR ISSO HOJE GAITEIRO TE PEÇO UM GRANDE FAVOR
TOCA DENOVO UM BUGIO QUERO LEMBRAR MEU AMOR
SE NESSE EMBALHO SULINO RENASCE A MINHA PAIXÃO
QUERO VIVER COM A GAITA BEM PERTO DO CORAÇÃO

Assim ando a lo largo a olhar o horizonte
Quem se foi um dia volta pra beber da mesma fonte
Quem sabe nessas tertúlias em noites enluaradas
Eu encontre quem partiu e dançando um bugio
Eu deixe de olhar estradas


...

ALÉM DE TI
(Carlos Omar Vilella Gomes/Pedro Guerra)

Eu busco teu olhar além da noite,
Além de cada luz que floresceu;
Saudade vem ferindo como açoite
Nos rumos onde a alma se perdeu.

Eu busco teu olhar além da vida,
Dos sonhos que ainda tenho pra sonhar;
Além das solidões e despedidas...
Além de toda a paz deste lugar.

Insisto em navegar além dos mares,
Sorvendo cada lágrima que cai...
Eu busco teu olhar por esses bares,
Além de cada copo que se esvai.

Teus olhos vão estar em cada esquina,
Além dos raios mansos do luar...
Brincando co’as estrelas pequeninas
Que embalam minhas cantigas de ninar!!

Eu busco teu olhar além das fontes
Que inundam o feitiço da paixão;
Além de tantos vales e horizontes
Que habitam os confins do coração.

Eu busco teu olhar além do tempo,
Calando tanta dor que já sofri;
Além da eternidade de um momento...
Eu busco teu olhar além de ti!!!