domingo, 17 de fevereiro de 2013

A vida trata de nos ensinar...



Deus trata de volta e meia nos mostrar o que realmente importa na vida: as amizades, as boas lembranças, a convivência (próxima ou as vezes nem tanto...) e o aprendizado que cada pessoa ou experiência nos proporciona ao longo desses encontros e desencontros da vida...

Parte 1

Comecei a cantar cedo... e quando eu tinha perto de 10, 11 anos, existia um bar em Faxinal que trazia música ao vivo praticamente todo o final de semana. Pelo meu envolvimento e gosto pela música, meus pais acabavam me levando sempre assistir os inúmeros artistas que cruzavam pela humilde e pacata cidade... Foi assim que conheci muitos e muitos artistas, que mais tarde, além de ídolos, vieram a se tornar colegas e amigos...

Foi assim que assisti pela primeira vez Luiz Carlos Borges...

Já na convivência do universo musical... tantas e tantas vezes nos encontramos em festivais, andanças... tantas vezes o assisti... e acompanhei sempre com muito carinho e respeito seu trabalho único e brilhante!

O “Borges” é o artista que conheço que sempre me surpreendeu! Tudo o que ele fez na sua trajetória musical – as composições, os discos - é muito bom! E quando a gente pensa que já viu tudo, e já está com a alma repleta, em êxtase, ele prepara algo novo, ainda melhor!

Acompanhei sempre o respeito de diversos lugares do Brasil e do Mundo por este artista nosso! Sem falar em todos os artistas com os quais ele já dividiu seu canto e sua música por tantos e tantos lugares, países, conquistando o carinho, a admiração, e a amizade de personalidades  mundiais como a nossa sempre querida Mercedes Sosa.

Tive o privilégio de dividir o palco com o “Borges” (me permitam chamá-lo assim...) em 2011, no Theatro Treze de Maio em Santa Maria, através do projeto Acordes Regionais... e foi uma experiência incrível! Éramos três jovens (Maykell Paiva, Felipe Alvarez e eu) ao lado de nosso ídolo, vivendo um encontro único de acordes e temas regionais...




Quando estava preparando o novo disco,  fiz contato para trocar uma idéia sobre ter no meu álbum uma obra dele... e com toda sensibilidade do Borges, fui presenteada como uma composição chamada “MÃE” , que me emocionou muito desde a primeira vez que a ouvi... e além de tudo, ainda recebi o carinho de poder contar com a participação dele tocando e cantando comigo no disco!

Tudo isso que estou escrevendo resumidamente aqui, passou como um filme na minha memória na noite que antecedeu a gravação em Pelotas...

(Foto: Miza Limões)

Era Deus me fazendo enxergar  o quanto a bondade, a humildade, e a disponibilidade tornam uma pessoa preciosa e única!  

O mesmo Borges que comemora 50 anos de uma carreira brilhante, que já virou o mundo cantando com os artistas mais importante e respeitados, e que tem o respeito e o carinho de artistas e publico de todos os lugares, estava desviando sua rota das férias (POA – São Luiz Gonzaga), para cruzar em Pelotas com a família e passar a tarde trabalhando conosco no estúdio!

Isso me emocionou demais, e junto às emoções da composição que estávamos registrando, acabei por desabar em lágrimas durante o momento em que estava gravando a voz num trecho da canção que diz assim:

“Mãe,
Ela é quem canta enquanto o filho dorme
É quem defende se o filho fez arte
Fica rezando pra que ele retorne
E chora escondida quando um filho parte"

(Foto: Miza Limões)

Não preciso dizer que tomada por esse universo de emoções e sensibilidade, chegava nesse trecho da música, e não conseguia cantar... Tentei muitas e muitas vezes e foi uma provação pra mim, conseguir controlar o pranto e cantar o que a música dizia...

Embora a música fale do filho que “sai de casa” ... me vinha a cabeça o retorno que não acontece... a partida dos filhos antes dos pais, situação que vivi de perto na minha família com a morte do Mano, e que tantas e tantas mães  e famílias estão vivenciando neste momento com a tragédia de Santa Maria... impossível tirar o nó e a lágrima da garganta!!!


Parte 2

A música “Mãe” está pronta, gravadinha! E ficou um luxo! Está aguardando a mixagem do disco, prevista para os próximos dias... por isso,  ainda não enviei pro Vinícius Brum, parceiro do Borges nessa composição, pra que ele ouvisse o resultado final...

Eis que logo cedo, ontem (Sábado) recebo uma menção no instagram da minha amiga e colega Shana Muller, com a imagem da coluna Pampianas da Zero Hora... dizendo que havíamos sido mencionadas no texto do Vinícius.

Estava a poucos metros da Zero Hora... peguei o jornal e fui direto na coluna pra ler... achei de uma delicadeza e de um carinho tão grande ver nossos nomes - mulheres cantoras - lembrados pelo Vinícius num momento tão especial...





Ao ler o texto, me peguei lembrando de quando e como conheci o Vinícius... Eu o assistia nos festivais... meados dos anos 90. Numa ocasião, na Coxilha Nativista em Cruz Alta, (1992 ou 1993 – quando eu participava da Coxilha Piá pelas primeiras vezes) meu pai encontrou o Vinícius (que estava participando do festival) e conversou com ele um tempo... eu sentia um misto de felicidade de saber que meu pai conhecia aquele artista tão importante, mesclado a curiosidade de entender como o pai poderia conhecê-lo, se todo aquele mundo era novidade pra nós.

Quando jovens, o Vinícius e o Tuny (seu irmão, também músico cantor e compositor) vinham de Formigueiro (onde moravam) a Faxinal, passar alguns dias das férias na casa de uns tios... que coincidentemente moravam perto de onde vivia a família do meu pai (no chamado antigamente de Posto Agropecurário).

O pai conta que enquanto a gurizada jogava bola e corria fazendo arte... os dois sentavam numa sombra, pegavam o violão e cantavam... e que por algumas vezes ele ficava ali pela volta, apreciando...

Daí pra frente, após esse primeiro “reencontro”, seguimos nos revendo nos eventos musicais, e no meu primeiro disco, gravado mais ou menos nessa época, já pude contar com uma composiçãoo do Vini.

(Foto: Vinícius Costa)

Quando vi de que lugar o Vinicius falava... percebi que os encontros da vida - esses que sempre nos ensinam - mais uma vez estavam a me falar de simplicidade, carinho, família, humildade, respeito, admiração...

Me vi sentindo o cheiro do campo e o sabor da infância quando li as primeiras linhas... porque o texto falava da Pitangueira, em Formigueiro.

Nesta localidade, uma família de amigos muito queridos tem uma propriedade, que também sempre foi chamada de Pitangueira... o Moacir, a Ana Marli, o Diogo, a Rô e a Mari (gêmeas), são gente da família! Sempre foi assim... e quando criança, íamos muito pra Pitangueira (em bando) passar o Domingo ou o final de semana...

Lá se andava a cavalo (a “Gateadinha” coitada, tinha que dar conta de todas as crianças...)  se brincava nos currais, se corria livre e solto perto das mangueiras, se deitava na rede à sombra, se comia churrasco, por vezes pegava o violão pra cantar pra turma de amigos... eram finais de semana muito breves perto do tamanho da nossa vontade de “aproveitar” intensamente aquela infinidade de coisas boas – simples, boas, únicas.



Talvez por isso o Vinícius, que nem sabia da minha ligação com esse lugar, passando pela Pitangueira, tenha também lembrado do meu canto... deve ter por lá um pedacinho do meu coração que por vezes canta na carona do vento!

5 comentários:

  1. Simplesmente lindo !!! As lagrimas que teimam em rolar por meu rosto não me permitem escrever mais nada, apenas que ameiiiiiiii...Bijo. ♥

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  2. Lindo mesmo!!!Que sensibilidade, que ser de luz que vc é!!1Tudo de melhor sempre!!!bj enorme. Marcia.

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  4. Lindo Juliana !!!!! Lindo ....
    bjo no teu coração e sucesso milll!!

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  5. cada vez mais que leio sobre você mais lhe admiro... beijos que Deus continue a lhe iluminar....

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