sexta-feira, 22 de junho de 2012

Eu, o "Chimarrão", e Vitor Ramil...





Aproximadamente um ano atrás, aconteceu a indicação do meu nome ao Prêmio da Musica Brasileira como Cantora Regional, ao lado da Margareth Menezes e da Elba Ramalho... ontem ouvi o Rogério Melo, falando um pouco sobre essa experiência de estar lá no Prêmio, e abri minha caixinha de lembranças...

Um momento significativo demais, que acabou acontecendo em função do PMB, foi este encontro (do vídeo), registrado pelo Nauro Júnior, para uma matéria na Zero Hora! Tive o privilégio de conhecer um grande artista porta voz do sul do mundo com sua música, alguém que admiro demais, Vitor Ramil...

Velho porongo crioulo, 
Te conheci no galpão, 
Trazendo meu chimarrão 
Com cheirinho de fumaça, 
Bebida amarga da raça 
Que adoça o meu coração. 
Bomba de prata cravada, 
Junto ao açude do pago, 
Quanta china ou índio vago 
Da água seu pensamento 
De alegria, sofrimento, 
De desengano ou afago. 
Te vejo na lata de erva 
Toda coberta de poeira, 
Na mão da china faceira 
Ou derredor do fogão, 
Debruçado num tição 
Ou recostado à chaleira. 
Me acotovelo no joelho, 
Me sento sobre o garrão 
Ao pé do fogo de chão, 
Vou repassando a memória 
E não encontro na história 
Quem te inventou, chimarrão. 
Foi índio de pêlo duro, 
Quando pisou neste pago, 
Louco pra tomar um trago, 
Trazia seca a garganta, 
Provando a folha da planta, 
Foi quem te fez mate-amargo. 
Foste bebida selvagem 
E hoje és tradição, 
E só tu, meu chimarrão, 
Que o gaúcho não despreza 
Porque és o livro de reza 
Que rezo junto ao fogão. 
Embora frio ou lavado, 
Ou que teu topete desande, 
Minha alegria se espande 
Ao ver-te assim meu troféu, 
Quem te inventou foi pra o céu 
E te deixou para o Rio Grande.







PS.: Sei que depois dessa poesia não precisa dizer mais nada! Estou aqui, repassando a memória e lembrando de algumas coisas que refleti com esse disco... 

Li uma matéria sobre esse disco, que me chamou atenção na época... falando que este álbum do cantor e compositor gaúcho Vitor Ramil, “Délibáb”, mostra um Brasil musicalmente desconhecido pela maior parte dos brasileiros. Quando falamos em ritmos e estilos musicais do país, raramente alguém vai se lembrar da milonga. Aí talvez alguém possa argumentar que as milongas, com suas origens espanholas, estão fortemente presentes no Uruguai e na Argentina, mas não falariam do Brasil. Oras, se o estilo fincou raízes aqui no sul do país, agora também é brasileiro; que o Brasil abra seus braços e receba as belas melodias e poesias características do estilo!!!

“Délibáb” é um disco composto e baseado nas obras de dois poetas: o argentino Jorge Luis Borges e o brasileiro João da Cunha Vargas. Das 12 faixas do álbum, metade é cantada em espanhol. O álbum traz Ramil e o músico argentino Carlos Moscardini dividindo os violões em trabalhos belíssimos como em “Chimarrão”. O instrumental dessa música é um dos pontos altos do disco. A letra é um tributo a nossa bebida típica sulina, e Ramil contou com um convidado especial em “Milonga de los Morenos”. No disco, nessa faixa o cantor divide a interpretação com Caetano Veloso. 

5 comentários:

  1. Pois é Juliana, enquanto as rádios insistem há muitos anos em mostrar nossos cantores regionais, gritando e falando de cavalos e domas, tem MUITA gente que desconhece os nossos verdadeiros cantores regionais. Aliás, o Vitor já mostra seu lado "regional" desde muito tempo atrás, mas...
    Forte abraço.
    Fernando S Soares
    Pelotas/RS

    ResponderExcluir
  2. dionisiomazui@hotmail.com22 junho, 2012 06:46

    Eh Bueno, JulianA, sou apreciador e defesor da cultura terrunha, nós somos um povo diferenciado com identidade própria, Eu certamente, " sem bairrismo", gaúcho e quaraiense, me sinto mais brasileiro ouvindo a tua voz letimando e consagrando a música gaúcha. Quando te ouço cantar sinto que a tua interpretação brota de dentro da tua alma para se identificar com o que há de melhor na cultura do Rio Grande Sul. Baita abraço...

    ResponderExcluir
  3. Linda música!!! Acho super importante que a música tocada no sul, não somente no Rio Grande do Sul, seja reconhecida nas outras regiões do Brasil, que ela atinja vários alvos para que possa crescer cada vez mais! Numa opinião pessoal, acredito que o Prêmio da Música Brasileira está acertando em indicar cantores, instrumentistas de várias regiões apesar de ser pouca a presença dos representantes daqui... aos poucos os costumes e as tradições vão ganhando espaço dentro da música brasileira. Parabéns a todos que lutam pela cultura do sul, que acreditam que ela possa ser reconhecida no resto do Brasil...

    ResponderExcluir
  4. Gostei do vídeo, posso postar no meu blog? Não tem código de incorporação?

    ResponderExcluir
  5. A milonga... melodia que faz bem pra alma! Essa música, Chimarrão, além da musicalidade incrível, a letra nos toca, e a interpretação de ambos é linda!!!
    Não desmerecendo a cultura de cada região brasileira, mas a cultura gaúcha é uma jóia rara, que merece ser cada vez mais difundida e influente pelo país, junto com o trabalho dos que se devotam à arte, pelo talento, dedicação e merecimento.
    Desejo milonga. Milonga bem gaúcha, sim senhor!
    Abraços!!

    ResponderExcluir