Via de regra, com raras exceções, esse blog costuma ser um
espaço onde registro assuntos relacionados à minha estrada como cantora, minhas
impressões a respeito da música, histórias colhidas nessas andanças, mas
raramente (e sempre por uma razão importante, afetiva) aspectos da minha vida pessoal...
Mas, assim como em grande parte das pessoas que conheço, minha
família e todas as nossas vivências, é que forjaram a pessoa
que sou, e os valores que tenho...
Então, peço que me desculpem, mas eu preciso depois de oito
anos dividir essa angústia, e essa mistura de sentimentos que me invadiram esta
semana. Até porque, acredito que parceria, é parceria pras horas boas e pras
ruins também, aqui no blog, não seria diferente. Ninguém tem uma vida 100% de alegrias.
Comecei a ficar preocupada e pensativa desde que me dei
conta, que pela primeira vez em oito anos, eu não estaria perto da minha família
no dia 26 de junho... uma data de lembranças muito doloridas pra nós.
Aliás,
tão dolorido e desolador quanto perder um irmão em um acidente, é ver seus pais
sofrendo a perda de um filho jovem. E o pior, não fomos os únicos, nem os
primeiros, nem os últimos...
Nesta data, não posso fazer nada, nem perto, nem longe... mas
o fato de estar junto nesses momentos, sempre me fez acreditar ser capaz de
proteger um pouco meus pais do sofrimento, de dividir com eles essa “carga”.
Amanhã, por estar cumprindo compromissos em outra cidade, não estarei
fisicamente junto deles. Me sinto impotente e ao mesmo tempo me sinto também desprotegida.
Por alguns
poucos dias, perdi as forças e me angustiei muito... mas amanhã, e depois de
amanhã, e depois... e depois... estarei melhor, firme e forte! Tenho certeza
disso!
Mil angústias e pensamentos me invadiram ...
Queria poder
entender no que se transforam os planos que um pai e uma mãe traçam quando
programam e sonham tanto com um filho? Queria saber pra onde vão os sonhos, os
sentimentos de amor e de amizade da pessoa que tem o curso da sua vida
interrompido aqui na terra? O que será que o Mano estaria fazendo hoje? Quem
seriam seus amigos? Como seria o rosto dele? Seria um zootecnista? Onde estaria
trabalhando? Será que já teria um amor, filhos? Que músicas estaria ouvindo?
Com quem estaria nos finais de semana? Seguiria tocando, cantando?
Estou sentindo uma saudade dolorida, de uma pessoa que está
ficando a cada ano que passa mais distante na minha lembrança, mas SEMPRE muito
presente no meu coração, na pessoa que sou hoje, nos amigos que herdei, e no
aprendizado das vivências que tivemos juntos.
Longe de ser uma pessoa revoltada
com este fato, sempre compreendi e aceitei a vontade de Deus, que sabe o porquê
de cada coisa que passamos em nossas vidas, sejam elas boas ou ruins.
Quando
nos despedimos do Mano, ouvi uma frase que ecoa em mim até hoje, de alguém que
simplesmente disse o mais importante: “Mano, muito obrigado por esse tempo que
tu esteve aqui comigo”.
Foi depois desse momento que entendi que precisamos amar
hoje; que precisamos estar juntos hoje e sempre que pudermos; que precisamos dizer as coisas
que queremos e que sentimos; que precisamos lutar para realizar nossos sonhos
ao lado das pessoas que amamos; que precisamos curtir nossos amigos, e os bons
momentos, porque amanhã pode ser tarde demais.
Um beijo pai, mãe e Di...
Longe ou perto, sou um pedacinho de cada um de vocês,
e vocês estão sempre comigo!
Muito lindo Jú! Me emocionei! E fãs servem pra isso, mais que amigos, são teus ouvintes! Sábias palavras!
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ResponderExcluirNão tive como não me emocionar com seu desabafo! Com certeza ele esta olhando por vocês aqui e esta presente no brilho do sol e das estrelas, no vento minuano,na melodia de uma canção...Jú amigos e fãs são para isso,não é somente para dividir as coisas boas da vida, mas também para dividir esses momentos de saudade...
ResponderExcluirBeijo no coração! Iane
Muito bonito e emocionante e triste ao mesmo tempo, mas a vida é assim tenho certeza de que ele está olhando por vocês.
ResponderExcluirJuliana, como diz a canção do Almir Sater `` a saudade é uma estrada longa ``, nós temos o livre arbitrio para escolher como viver nessa estrada. Tenho a certeza que o desejo do seu irmão é ver você e sua familia feliz !! Abraço, com carinho ! (eu tbm já perdi pessoas especiais) Ana Paula Schú.
ResponderExcluirnao somos nem conhecidos pessoalmente,mas admiro muito voce...e gostaria de compartilhar este momento doloroso lembrando quando tu e o mano cantaram juntos no galpao crioulo '"numa cidade do interior"tenho esta gravaçao ate hoje,,,com carinho : adao almiro lopes
ResponderExcluirnao nos conhecemos pessoalmente,mas admiro muito voce,por isso neste momento queria compartilhar com com voce...dizendo quequando ia lendo me veio a mente tu eo mano cantando no galpao crioulo "numa cidade do interior"...tenho ate hoje esta gravaçao...adaomiro@gmail.com...abraços miro.
ResponderExcluirQue emocionante Juli, que bonito!!!
ResponderExcluirSei que essa ausência fisica, nunca poderá ser substituida. Mas os momentos vividos, ficarão presentes na memória. E tenha certeza de que Deus sempre estará ao seu lado, e certamente o teu "Mano" também esta ao lado Dele agora, olhando pra ti e pra todo a tua família!!!
Beijos!!! Fica bem!!!
Com certeza estamos torcendo muito por você, é como ja comentado anteriormente não nos conhecemos pessoalmente mas o carinho que sentimos por você é grande, e sei muito bem o que você esta dizendo perdi a minha irmã muito cedo infelismente a saudade so aumenta mas com o tempo você é aprender a lidar melhor com isso, deixo par você um abração com muito carinho aquele na qual você passa para nós...
ResponderExcluirJuliana, conheci teu talento quando fostes cantar em minha cidade, São Francisco de Assis, no festival Querência do Bugio. Vim visitar teu blog para ver se achava uma música que cantou lá e que me marcou muito: "pela lágrima". Porém, me deparei com esse teu desabafo emocionante. Recentemente, também perdi um irmão (não de sangue mas de coração) em um acidente e ao ler tuas palavras senti o que você estava sentindo ao escrevê-las. Esse sentimento não tem explicação mas Deus nos da força para seguirmos em frente. Dizem que a morte não é a maior perda da vida, a maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos então se amamos alguém de verdade nunca vamos perde-la. Sou sua fã. Beijos, Lauren!
ResponderExcluirJuliana, entendo e respeito muito tua dor pelo simples fato de que estou passando por um período muito difícil na minha vida, "aprender a viver sem minha mãe, já tendo perdido também o pai"... Me pergunto constantemente sobre como manter vivos os galhos sem raíz e tronco para sustentá-los? Não encontro resposta! Sou solidária e partidária da tua dor, pois a minha lateja diariamente como se eu tivesse sido mutilada... Na verdade é assim que me sinto! No dia 30 de agosto Deus levou ela de mim de forma inesperada, assim como ao Mano de ti, custo a acreditar, acho que ainda não acredito completamente, mas a verdade é que não posso mais abraçá-la, ouvir sua voz, visitá-la depois do trabalho e nas tardes de sábado como fazia habitualmente... Como preencher este vazio?!
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